A filosofia da Apple em três pilares, segundo executivo da empresa
Em conversa com participantes do Programa Salto Alto, Gary Comer destrinchou os motivos pelos quais a empresa é tão bem-sucedida. Confira.

“Independentemente da pessoa usar os produtos da Apple ou não, todos podem concordar com uma coisa: a empresa mudou não somente o mundo da tecnologia, mas a cultura como um todo.”
A aspa é de Gary Comer, gerente regional da Apple em Orlando, em palestra às mulheres participantes da 3a edição do programa de empreendedorismo e liderança feminina Salto Alto. À convite de Tatiana Marzullo, jornalista e idealizadora do projeto, a Você S/A esteve nos Estados Unidos para conhecer a loja da marca no shopping de luxo The Mall at Millenia, e conversar com o executivo sobre os pilares fundamentais de sucesso de uma das maiores marcas do planeta.

Segundo Comer, a Apple é, em sua essência, uma companhia de tecnologia e inovação. A competição tem acesso aos mesmos insumos, ferramentas e profissionais – como, então, a empresa conseguiu se destacar tanto de suas concorrentes?
A afirmação é calcada em números. Este ano, a Apple segue no pódio das companhias mais valiosas do planeta, atingindo valor de mercado de US$ 3,8 trilhões em 2024. Atrás dela, temos Microsoft (US$ 3,2 tri); Alphabet (US$ 2,36 tri) e Amazon (US$ 2,35 tri). Todas empresas de tecnologia.
Em outra palestra do programa, Marcos Barros, Vice-Presidente de Marketing e Publicidade da Universal (confira os insights completos do executivo neste link), afirmou que a cultura da empresa deve ser palpável: os colaboradores precisam sentir que conseguem senti-las, vê-las e entendê-las para vivê-las na plenitude. No exercício de traduzir esta máxima para a gigante de tecnologia, Gary lista três pilares fundamentais da companhia. Vamos a eles.
Simplicidade não é simples
O paradoxo é: a simplicidade é difícil. Segundo Gary, quando você pensa na Apple, você pensa em produtos que são simples, intuitivos e fáceis de utilizarem. A maior parte dos produtos da marca, inclusive, foram disruptivos justamente pela facilidade no qual poderia ser utilizados.
Mas, na visão da empresa e do executivo, aí que mora a dificuldade. “É fácil construir coisas complicadas. Construir aquilo que é simples e lindo é muito mais complexo”, argumenta Comer.
Ele usa a escrita como um exemplo. Quando você escreve uma apresentação, um documento, uma carta para um amigo ou amor… tudo isso demanda que você organize, resuma e enxuga seus pensamentos para que sua mensagem seja transmitida com clareza. No mundo da tecnologia, as coisas seguem uma construção similar: quanto mais fácil para nós usarmos, mais difícil foi para o desenvolvedor.
“Há uma frase de John Ive [líder de design da Apple por anos; hoje, consultor da marca] que eu gosto muito: ‘A verdadeira simplicidade é trazer ordem à complexidade.’ Não é sobre escapar dela, e sim organizá-la.”

Obsessão com detalhes
História vai que Steve Jobs, fundador da marca, chegou a um designer que estava responsável pelas placas internas do MacBook e pediu para que os parafusos fossem trocados. “Mas está do lado de dentro, ninguém vai saber a cor e formato dos parafusos!”, responde o profissional. Ao que Steve responde: “Eu e você saberemos.”
A história serve para ilustrar os frutos do preciosismo de Jobs. Que não carece se outros exemplos: caso você esteja lendo esta reportagem em um Iphone, basta ir à página inicial e observar o botão de ligar a lanterna. O interruptor muda de posição, ainda que o botão tenha menos de 1 cm. “Quando você faz o melhor no seu trabalho e nos seus projetos, os resultados virão”, argumenta o executivo.
Todos podem ser criativos
Por fim, Gary enaltece que a criatividade precisa ser incentivada e promovida em todas as escalas da empresa. Afinal, Gary brinca que nada motiva mais um engenheiro do que dizer a ele que algo é impossível.
O executivo finaliza com uma frase de Tim Cook, atual CEO da companhia: “Esse é o DNA da Apple. Nós sempre estaremos tentando mudar o mundo, e mudá-lo para o melhor.”